A exportação de energia elétrica por usinas de biomassa bateu recorde em 2023, produzindo 28.246 gigawatts-hora (GWh) na modalidade de cogeração, com base em dados informados pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
Isso demonstra o potencial do etanol para se firmar no mercado global como o biocombustível da transição energética, na medida em que representa uma alternativa renovável e eficiente de consumo, e, nesse cenário, o Brasil tem condições de dominar o processo produtivo de desenvolvimento da agricultura energética, pois possui ampla capacidade instalada de plantio, processamento e distribuição.
Aliado a isso, a produtividade média do plantio de cana-de-açúcar e de milho vem aumentando, e de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção de cana-de-açúcar está estimada em 78mil kg/ha para 2024, muito acima da média de três anos atrás, que era de 70.484 kg/ha.
O panorama político também se mostra favorável. O Governo Federal tem feito acenos a programas voltados ao incentivo de combustíveis sustentáveis, como aconteceu em setembro de 2023, quando o Planalto enviou ao Congresso Nacional o projeto que cria o “Combustível do Futuro”, que, entre outros pontos, prevê incentivos para elevar o uso do etanol para descarbonizar a matriz de transportes no País.
A promessa é movimentar R$ 250 bilhões em investimentos na descarbonização da matriz de transportes. Nesse cenário, o Combustível do Futuro deve ajudar o País a cumprir metas de emissão de gases de efeito estufa assumidas em fóruns internacionais. Isso inclui o atendimento de compromissos contidos no RenovaBio, voltados para os biocombustíveis, e no Rota 2030, para a indústria automotiva.
Entre as metas já estabelecidas, está o projeto de diminuição das emissões de gases poluentes na aviação civil em 1% em 2027, até alcançar 10% em 2037. No período, o setor deve aumentar gradualmente a participação de biocombustível de aviação sustentável de aviação (SAF) no querosene convencional (QAv).
O Combustível de Aviação Sustentável deverá responder por cerca de 65% da redução de emissões de gases poluentes da indústria, sendo que o ponto forte dessa solução é a semelhança molecular entre os biocombustíveis e os combustíveis fósseis, dispensando a necessidade de adaptação mecânica das aeronaves, produção em larga escala além dos custos operacionais competitivos.
Como se vê, inúmeras são as possibilidades de introdução do etanol na cadeia de energia, dentre as quais se destaca a utilização como aditivo em combustíveis fósseis, pois impacta significativamente na redução de gases do efeito estufa e diminui a dependência de combustíveis não renováveis, como a gasolina. Nesse cenário, o Brasil, valendo-se do potencial que possui, tende a se consolidar como expoente do Agro e Energia.
Artigo escrito por Walberto Oliveira Filho, sócio do Ernesto Borges Advogados, especialista em resolução de disputas e Direito da Energia.
Disponível em: https://www.canalenergia.com.br/artigos/53274871/o-poder-do-etanol-diante-dos-novos-cenarios-da-transicao-energetica
Autor: Walberto L. Oliveira Filho • email: walberto.filho@ernestoborges.com.br • Tel.: +55 67 3389 0123