O conceito ESG (Environmental, Social and Governance) consolidou-se no mundo corporativo como métrica fundamental para avaliar o desempenho das empresas além dos indicadores financeiros tradicionais. Este movimento, que ganhou força após 2020, representa uma mudança significativa na forma como as organizações abordam suas responsabilidades ambientais, sociais e de governança. No entanto, diante da aceleração das mudanças climáticas e da crescente degradação ambiental, apenas reduzir impactos negativos já não é suficiente.
O ESG Regenerativo representa uma nova fronteira na gestão empresarial, onde organizações assumem um papel ativo na recuperação de ecossistemas. Esta abordagem transcende a mera preservação, buscando reconstruir e revitalizar ambientes naturais através de ações concretas e mensuráveis. Por meio de práticas inovadoras, empresas podem contribuir diretamente para a recuperação da biodiversidade, restauração de habitats naturais e fortalecimento de comunidades locais.
A transição do ESG tradicional para o ESG Regenerativo marca uma evolução significativa no pensamento empresarial. Enquanto as práticas convencionais focam em compliance e mitigação de riscos, a abordagem regenerativa propõe uma transformação profunda na relação entre empresas e meio ambiente. Este novo modelo se baseia em três pilares fundamentais: ação restaurativa intencional, geração de impacto positivo mensurável e integração sistêmica entre negócios e natureza.
No ESG Regenerativo, as organizações são chamadas a repensar seu papel na sociedade. Além da gestão responsável de recursos, empresas devem desenvolver estratégias que ativamente contribuam para a regeneração dos ecossistemas onde operam. Esta mudança de paradigma exige uma revisão completa dos modelos de negócio, incorporando práticas regenerativas em toda a cadeia de valor e estabelecendo parcerias transformadoras com comunidades locais.
A evolução da sustentabilidade para a regeneratividade representa mais que uma mudança de práticas – é uma transformação na forma como empresas compreendem seu impacto no mundo. Esta nova abordagem incorpora elementos como regeneração de biomas, gestão de recursos ambientais, economia circular, conhecimentos tradicionais e biomimética, criando soluções que se inspiram nos processos naturais. Organizações que adotam esta visão descobrem que práticas regenerativas podem gerar tanto benefícios ambientais quanto oportunidades de inovação e diferenciação no mercado.
O projeto ETHNO.BIO exemplifica a aplicação prática do ESG Regenerativo na Amazônia. Unindo inovação tecnológica e sabedoria ancestral, a iniciativa atua nas terras indígenas Ipixuna e Nove de Janeiro, território do povo Parintintim. O projeto inova ao criar um modelo de gestão que integra conservação ambiental e desenvolvimento econômico através de créditos de biodiversidade, permitindo que as próprias comunidades gerenciem seus recursos naturais de forma sustentável. Com potencial de expansão para beneficiar mais de 2.600 pessoas em nove territórios indígenas, o ETHNO.BIO estabelece um novo paradigma no qual a preservação ambiental e autonomia financeira caminham juntas.
O momento atual exige uma transformação profunda na relação entre empresas, sociedade e meio ambiente. O ESG Regenerativo emerge como resposta a este desafio, propondo um modelo onde as organizações se tornam agentes ativos na recuperação de ecossistemas e no fortalecimento de comunidades. Iniciativas como o ETHNO.BIO demonstram que é possível criar valor compartilhado, onde sucesso empresarial e regeneração socioambiental se reforçam mutuamente. O próximo passo é expandir estas práticas inovadoras, transformando o que hoje é exceção em um novo padrão para a gestão empresarial deste século.
Disponível em: https://esginside.com.br/2025/02/13/da-sustentabilidade-a-regeneratividade-o-novo-paradigma-do-esg/
Autor: Edson Pontes Pinto • email: edson.pinto@ernestoborges.com.br